quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

HQ do Pequeno Príncipe é lançada no Brasil

Já faz um tempo isso, mas é um notícia que tem tudo a ver com o espírito dessa época do ano. A Editora Agir lançou no Brasil a versão em quadrinhos do clássico livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.

Essa versão foi criada na França pelo cartunista Joann Sfar, autor de O Gato do Rabino, entre junho e agosto desse ano.
Eu tive oportunidade ver a edição ontem numa banca especializada. É um álbum bem caprichado, com capa dura, papel bom, formato 28 x 21 cm.

Talvez a alguns não agrade o traço estilizado de Sfar, mas ele realmente conseguiu captar para a Nona Arte a essência de uma das maiores obras-primas da literatura.

FONTE: Universo HQ.


Aproveitando, desejo a todos que leêm esse Blog um Feliz Natal de coração.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Teorias Mirabolantes: 300 Parte 2 - A Vingança de Raul


Muito se fala sobre a continuação do filme 300 de Zack Snider, baseado na Graphic Novel de Frank Miller.
Eis aqui minha contribuição singela para esta produção.


Pra começar, 300 é uma comédia:

- A mulher do Leônidas deu praquele cara a troco de nada! E ainda tiveram a infantilidade de colocar a fala "Você não sentirá prazer porque eu não sou seu rei (marido)".
Seria risível, senão fosse constatado por estatísticas que muitas mulheres simulam o orgasmo, então na verdade não faz diferença... A Rainha literalmente se fodeu! kkkkk

- Esse político, aliás, teve um momento digno do Didi Mocó, quando falou pro Conselho: "Eu não comi esta mulher adúltera, mas aquele cara ali comeu! Eu resisti à sua sedução infame, mas ele foi visto na casa dela altas horas da noite!"
O pior é eu dei uma melhorada no texto original. :P
- E o final desse personagem foi uma mistura de Brutus (a punhalada) e Judas (as moedas que surgiram do nada). Aliás, aposto que ele guardava as moedas no mesmo bolso invisível onde o Leônidas guardava aquela maçã.

- O Rodrigo Santoro parecia a Vera Verão fazendo massagem no Leônidas.
Desde Instinto Selvagem que o Cinema não via um subtexto sexual tão forte numa cena como a que Xerxes diz: "Ajoelhe-se e você verá que não é só o meu chicote que eles temem."
E o seu exército tinha de tudo: rinocerontes, gigantes, granadas, ninjas... e até um Homem-Cabra!
- Foi impressão minha ou todas cenas de trigais lembravam MUITO Gladiador?

- Até agora estou meditando sobre a brilhante participação do Corcunda na história. O cara só podia ser parente dos produtores, não é possível.
- Como Dilios, o Caolho, sabia de tudo o que houve na batalha final se ele já tinha ido embora antes dela começar?????
- No clímax da trama o Caolho deixou claro que Leônidas (que deve ter disputado os Jogos Olímpicos em arremesso de dardo) não matou Xerxes por culpa da Rainha! Porque ele frisou bem que Leônidas tirou o elmo e o escudo pra não se desequilibrar... mas os chifres continuavam lá!!!
De qualquer forma ele mereceu o bronze. HAHAHAHAHAHA!!!!!!!

- E o mais trágico: 300 homens morreram gritando seu nome... e o desgraçado do Raul não apareceu pra salvá-los! Palavra de honra, toda vez que gritavam: RAAAAAUUULLL, eu me lembrava do Capitão Kirk gritando KHAAAAAANNNNN!!!!!!
HAHAHAHAHAHAHAHA!!!!!




Agora vamos ao que interessa: 300 Parte 2 - A Vingança de Raul!

Na continuação o Homem-Cabra vai ressucitar o Leônidas pra continuar a guerra e (como Zack Snyder tem experiência nesse ramo já que fez Madrugada dos Mortos) os 300 voltarão como ZUMBIS!
Todas as lutas e cenas musicais(!) serão coreografadas por Michael Jackson, baseadas em seu videoclip de grande sucesso... THRILLER!

Mas Leônidas se recusará a voltar a lutar, quando souber que sua mulher, depois de dar pra todo o conselho espartano, se casou com o Corcunda, que agora era muito rico devido ao suborno que recebeu de Xerxes. Por isso, Leônidas não pode encontrar a paz, já que sua galhada o impede de passar pelos Portões do Paraíso.

E o Corcunda mandou o filho de Leônidas (como não havia DNA vamos fingir que era do Leônidas mesmo) pra fora de casa encontrar com uma loba, ou melhor, uma mulher na idade da loba, tornando-se assim um gigolô em Atenas.
O casal resolveu, então, aproveitar a vida, embora a mulher já tenha encomendado a morte do Corcunda com seu motoboy particular.

Então, voltando ao Leônidas, ele subirá aquele morro dos anciões para falar com o Oráculo e, após um confronto com os traficantes da área, que também eram financiados com a grana do suborno do Xerxes, o ex-líder de Esparta se confronta com o verdadeiro responsável por toda aquela desgraça:

LEÔNIDAS: Porque você nos abandonou Raul? Nós te chamamos o filme inteiro!

RAUL: Leônidas... EU SOU SEU PAI!

LEÔNIDAS: NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Aguardem, breve, nos melhores camelôs... 300 Parte 2 - A Vingança de Raul!

Estrelando:

CAPITÃO NASCIMENTO COMO LEÔNIDAS

"THIS IS BRASIL! PEDE PRA SAIR!"

CAPITÚ COMO RAINHA GORGO

Direto da obra de Machado de Assis, quem mais poderia interpretar tão bem as nuances complexas de personalidade daquela vagabunda da Rainha?

ASH (BRUCE CAMPBELL) COMO XERXES

Quem mais poderia enfrentar 300 zumbis dançarinos liderados por Michael Jackson?

DERCY GONÇALVES COMO O ORÁCULO

Bom, esse é um filme de zumbis, não é?

RONALDO COMO O CORCUNDA

Ambos traíram suas respectivas "nações". Além disso, na natureza, nada desaparece, tudo se transforma. E não faltarão mandingas da torcida do Flamengo para transformar a pança de Ronaldo numa corcunda.

EURICO MIRANDA COMO STELIOS

Se você não se lembra quem é Stelios, a culpa é do Zack Snider que cortou grande parte da história original de Frank Miller com o personagem.
Como ele também ficou conhecido como "Stombo", ninguém melhor que Eurico Miranda para interpretá-lo, já que o ex-dirigente não descansou enquanto não fez o Vasco tombar.

LULA COMO O HOMEM-CABRA

Bom, os dois só fazem figuração mesmo... mas bem que o Lula também podia recorrer à mágica pra melhorar o país. A essa altura, não custa nada...

CATARINA CREEL COMO O CAOLHO

Quem mais, além da vilã da novela mexicana Ambição (que dava medo quando eu era criança) consegue impôr tanto a sua figura usando um tapa-olho, cuja cor combinava com a roupa?
Bom, talvez só personagem de Betty Davis no filme O Aniversário, de 1962, de onde eles copiaram o visual da Catarina Creel. hehehehe!!!!












E CHUCK NORRIS NO PAPEL DE RAUL!

Sim! É isso mesmo que você está pensando! Isto significa que CHUCK NORRIS É O PAI DO CAPITÃO NASCIMENTO!!!!!





Não percam 300 Parte 2 - A Vingança de Raul!
E aguardem a versão em quadrinhos da continuação do filme que já é uma versão dos quadrinhos de Frank Miller, que por sua vez também foi uma versão inspirada no filme 300 de Esparta! UFA! :P
Vem aí o crossover: 300 x 3000, que narra a luta (i)mortal entre os 300 guerreiros zumbis de Esparta contra os 3000 funcionários públicos fantasmas de Brasília!

300 Parte 2 - A Vingança de Raul!
E não saiam antes do fim dos créditos para verem SPOILER a participação especial do Salsicha do Scooby-Doo... que, após ver o campo de batalha coberto de mortos falará a frase mais clássica de um filme de guerra desde aquele médico no final de A Ponte do Rio Kwai:

"RAAAAUUUULLLLL, CADÊ VOCÊ, MEU FILHO?"

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

TOP TOTAL - 40 Filmes Que Traumatizaram a Minha Infância


Quem, quando criança, nunca ficou com medo ou aflito vendo um filme, seja por não conseguir entender a trama ou por achá-la muito pesada na época?
Estou Reunindo neste Top os filmes que por uma razão ou por outra me perturbaram nos anos da minha infância, mas atenção que nenhum deles entrou na lista por ser ruim ou mesmo por ser bom. Estão aí, num posicionamento meio duvidoso é verdade, unicamente pela memória de momentos fortes que me deixaram.
Aliás, com certeza faltaram muitos, mas não me lembro bem de todos, então fiz uma aproximação, mas sem dúvida um ou outro deve estar também nas lembranças de quem ler, o que significa que também não poupei SPOILERS.

Dedico esse Top ao pessoal da comu do orkut Filmes que Ninguém Se Lembra, e ao Sílvio Santos, afinal a programação do SBT é uma das grandes responsáveis pela geração de lunáticos que temos hoje em dia. hehe
Prepare os nervos, e siga adiante se tiver coragem:





40 - A Noite dos Coelhos (Night of the Lepus, 1972)


Uma experiência com coelhos para torná-los inférteis, acaba transformando os animais em aberrações genéticas, tornando-os gigantes e assassinos carnívoros. Eles passam, então, a aterrorizar uma cidadezinha. Até o exército aparece para tentar detê-los.

TRAUMA:
Quem foi o tarado que teve a idéia de fazer esse filme? Eu sei que hoje ele é referência quando se trata de ridicularizar filmes de ataques de criaturas gigantes e, bom, quando foi lançado também era ridículo, mas... poxa! Eu tive pesadelos com essa droga quando passou no SBT!
Justamente aquele defeito especial, que fazia os coelhos parecerem gigantes é que me deixava nervoso quando criança, assim como aqueles olhos brilhando no escuro.





39 - A Casa do Espanto (House, 1986)


Roger Cobb, um escritor traumatizado pela morte de um amigo na Guerra do Vietnã, entra em crise quando seu filho desaparece dentro de casa e não é mais visto. Sua carreira e seu casamento vão pro buraco e sua única chance de volta por cima é escrever um novo livro falando de sua experiência no Vietnã, mas ele não consegue.
Algum tempo depois, sua tia é encontrada enforcada na mesma casa e ele resolve se mudar pra lá sozinho e passa a encarar todo tipo de bizarrice envolvendo monstros, fantasmas e outras dimensões.

TRAUMA:
Bom, o filme tem três camadas de percepção. A primeira é a do susto atrás do outro, com criaturas aparecendo por todo lado, principalmente aquela do armário. Revendo o filme depois a gente nota um tom proposital de comédia exatamente pela medida do exagero.
E um olhar mais atento nos mostra que há uma certa sensibilidade dramática na história do homem que se sentia culpado por não ter tido coragem de matar seu amigo ferido, o que permitiu que ele fosse capturado e torturado dias por inimigos até morrer. Seria o espírito do soldado querendo se vingar raptando o filho de seu ex-companheiro? Ou seria a própria Casa, materializando de alguma forma a culpa do protagonista para que ele pudesse externá-la ao invés de guardar a dor pra si?
Se antes tinha medo, hoje tenho um carinho por esse filme, exatamente por essa metáfora, bem nivelada na interpretação de William Katt.
Evite as continuações, essas sim são um espanto no mau sentido.





38 - Robocop - O Policial do Futuro (Robocop, 1987)


Num futuro próximo, a polícia de Detroit passou ao controle de uma grande empresa, OCP, cujos excutivos inescrupulosos trabalham em projetos de tecnologia na tentativa de substituir policiais por robôs, enquanto os sindicatos lutam pelos direitos dos humanos.
Um dia, o policial Alex Murphy e sua parceira são emboscados por uma violenta gangue de traficantes. Ela escapa, mas acaba testemunhando a longa tortura e execução do parceiro. Dado como morto, Murphy é transformado pelos cientistas da OCP em um ciborgue chamado Robocop, que torna-se o grande combatente do crime da cidade.
Mas as lembranças de sua outra vida, fazem Murphy ir em busca de vingança contra os traficantes e ainda enfrentar, com ajuda da parceira, os executivos corruptos da OCP, que querem tirá-lo do caminho e substituí-lo por uma máquina assassina.

TRAUMA:
Filme altamente violento, não só no sentido físico, mas até pela crítica corrosiva que faz ao comportamento das grandes corporações e dos cientistas que trabalham pra elas. A cena da morte de Murphy é violenta, demorada e perturbadora e o jeito como ele fica entre a vida e a morte sendo tratado como cobaia é bastante incômodo.
Já a revanche de Robocop contra seus algozes é menos perturbadora (até pela catarse que provoca), mas ainda mais violenta e sangrenta. E aquele robô que seria o substituto do Robocop também me dava nervoso.





37 - Meu Filho, Meu Mundo (Son-rise: a miracle of love, 1979)


Um bebê, Raun, nasce aparentemente saudável, mas com o passar do tempo seu comportamento vai mudando, tornando-se alheio ao mundo. Seus pais descobrem que ele é autista. Decidem então penetrar no mundo do menino a qualquer custo para trazê-lo de volta.
A única arma que eles tem contra a doença é o amor que sentem pelo filho.

TRAUMA:
Outro exibido pelo SBT. Não sei se esse filme, extremamente melancólico, foi baseado em fatos reais. Nem sei se é possível "curar" um autista como é mostrado no filme. Mas a história é muito triste e comovente pela dedicação dos pais e pra falar a verdade, mesmo sem conhecimento prévio algum, eu cheguei a acreditar que aquilo é possível sim.
O filme também ajudou a popularizar e discutir a questão do autismo, que era muito pouco conhecido. Até hoje muitos autistas são discriminados pela sociedade.
Destaque pra empolgação do cinegrafista na cena da banheira. Ele chega cheio de desconfiança no progresso dos pais e quando vê o menino reagindo grita emocionado: "Ele pegou a bola! Ele pegou a bola!"







36 - Braddock 2 - O Início da Missão (Missing in Action - The Beginning, 1985)



Em Braddock - O Super Comando, lançado um ano antes, era mostrado o herói de guerra vivido por Chuck Norris voltando ao Vietnã, aonde fora prisioneiro, para se vingar dos vietcongues e libertar os soldados norte-americanos que ficaram para trás. O negócio é que os dois filmes foram filmados simultaneamente e essa devia ter sido a Parte 2, mas foi resolvido que seria lançado antes.
Braddock 2 - O Início da Missão é o filme que narra o que aconteceu com Braddock quando ele e seu pelotão eram prisioneiros no Vietnã, portanto, é provavelmente uma das primeiras prequels do cinema. Inclusive o título original da franquia (foi uma trilogia), Missing in Action, significa Desaparecido em Ação, já que é baseado na história real dos soldados americanos que foram abandonados no Vietnã depois da guerra.
Talvez a razão da troca é que o segundo é muito mais pesado (e provavelmente menos comercial) que o primeiro, mostrando os "mocinhos" (soldados norte-americanos) no campo de prisioneiros durante anos passando horrores nas mãos dos "bandidos" (soldados vietnamitas) até quase o fim do filme.

TRAUMA:
Um dos filmes mais sádicos que eu já vi na vida. É praticamente uma aula de torturas, as mais variadas possíveis durante todo o tempo de projeção. Com fogo, com faca, com rato etc. Aliás, nessa cena do rato Chuck Norris dá uma demonstração de porque se tornou sinônimo de cara fodão.
Claro que não dá pra levar a sério os filmes do Chuck Norris, mas a razão pra tanto exagero (os vietcongues são verdadeiros demônios) seria o fato de que um dos irmãos do ator lutou e morreu de verdade na Guerra do Vietnã.
Mas o filme é tão radical que talvez por essa razão o terceiro, O Resgate, tenha buscado um caminho mais politicamente correto, introduzindo retroativamente que Braddock era casado com uma vietnamita e teve um filho com ela, o que aumentou a salada cronológica.






35 - Um Corpo Que Cai (Vertigo, 1958)



Scottie, um detetive que sofre de acrofobia (medo de altura) após presenciar a trágica morte de um colega de profissão, é contratado por um milionário para vigiar sua esposa suicida, Madeleine, que afirma ser a reencarnação de uma mulher chamada Carlotta, cujo retrato é misteriosamente idêntico a ela.
Envolvido, Scottie acaba se apaixonando perdidamente por Madeleine e se desespera por não conseguir impedir o pior. Logo depois ele conhece Judy, uma mulher igual a Madeleine, e se envolve com ela fazendo-a adotar a roupa e o jeito de Madeleine.
Quando Scottie acaba descobrindo o grande segredo de Judy ele bravamente enfrenta seu medo de altura para confrontar a verdade, mas mais uma vez a tragédia o assombra.

TRAUMA:
Um dos maiores filmes de todos os tempos, só pra deixar claro que esse Top não tem nada a ver com a qualidade das obras.
Hitchcock sempre foi mestre em retratar as loucuras humanas. Aqui o diretor mistura a acrofobia à obsessão por uma mulher, coisa que Hollywood já havia feito antes, mas nunca dessa forma.
O personagem de James Stewart (pra mim o maior ator da história do Cinema), além do trauma do início (mostrado numa cena de abertura de arrepiar), se envolve com a história de três mulheres iguais (Carlotta, Madeleine e Judy) que tem em comum, além da aparência, um mórbido destino. Ainda hoje é um filme que mexe muito com o espectador, que tem a sensação de caminhar por uma corda bamba junto com os personagens.
Por um longo tempo detestei o final (De onde saiu aquela freira? Do Inferno?), mas hoje eu compreendo melhor que o jogo é assim... e Hitchcock sabia jogar como ninguém...





34 - Um Herói Jovem Demais (Too Young The Hero, 1988)


Um garoto de doze anos engana a Marinha para poder se alistar e lutar na Segunda Guerra Mundial, onde passa por muitos apuros.
Tempos depois, mesmo sendo um herói de guerra, quando o seu superior no encouraçado descobre a verdade decide se livrar do problema e parte com o navio antes que ele volte da licença.
O garoto então é acusado de deserção e preso. Ninguém na Marinha acredita, ou fingem não acreditar, na sua história. Enquanto cumpre pena ele tenta desesperadamente entrar em contato com sua irmã para salvá-lo de seu próprio país.

TRAUMA:
Me lembro que quando cheguei a idade de servir o exército fiquei me lembrando desse filme. Tenho uma tia que trabalhou no Ministério da Guerra e ela definiria esse personagem como trouxa.
O cara foi um patriota como poucos e acabou descobrindo que seu pior inimigo era o seu próprio país. Baseado numa história real, essa produção tem algumas cenas fortes e desconfortáveis como quando ele é colocado numa cela com dois bêbados que o estupram, ou quando, no dia do aniversário de treze anos do protagonista, um amigo pede ao superior da prisão que pegasse leve com o garoto e, de propósito, o cara obriga ele a trabalhar o dia inteiro, até desmaiar de cansaço nos braços desse amigo.





33 - O Garoto da Bolha de Plástico (Boy In The Plastic Bubble Final, 1976)


Baseado numa popular história real conta a vida de um jovem que nasceu sem imunidades e por isso é condenado a viver confinado em uma bolha de plástico por toda a vida. Sua casa é adaptada criando um cômodo esterilizado aonde só ele podia ficar.
Apesar dos pais o tratarem com muito carinho e ele ter uma infância relativamente feliz, quando chega a adolescência a exclusão e a falta de aceitação de outros jovens marcam sua vida pra sempre.

TRAUMA:
Apesar de ter virado motivo de piada hoje em dia, essa história é muito triste. Se já é ruim ser rejeitado pela menina que você gosta, imagina quando isso acontece porque ela fez uma aposta que ia sacanear a aberração?
Lembro do momento em que ele consegue dar um jeito de ir a escola usando uma espécie de escafandro. No fim, o garoto da bolha de plástico decide se matar para poder viver.
Marcou a estréia de John Travolta.





32 - O Império Contra-Ataca (The Empire Strikes Back, 1980)


Segundo e mais forte capítulo da trilogia clássica de Guerra nas Estrelas. Luke Skywalker tem que concluir seu trinamento Jedi com Yoda, o maior dos Mestres, mas acaba indo em socorro de seus amigos Han e Leia, quando estes são traídos por Lando Calrissan e entregues nas mãos do perverso Darth Vader.
No violento confronto final, muitas baixas do lado dos rebeldes e uma revelação feita por Vader para Luke que entrou para a história do Cinema.

TRAUMA:
Ah, como os fãs queriam que todos os filmes da série fossem como esse. Han resgatando Luke daquele monstro no meio da neve, o planeta-lamaçal onde Yoda vivia, o segredo daquela caverna onde Luke entra, a emboscada de Lando, Han sendo congelado em carbonite numa cena chocante e Vader arrancando a mão de Luke com um golpe de espada em outra cena chocante... tudo é extremamente denso.
Mas nada se compara ao momento em que Darth Vader diz a Luke Skywalker:
"Eu sou seu pai!"
Aliás, o verdadeiro motivo do meu trauma é que minha TV pegava muito mal naquela época, um monte de gente estava falando na sala de casa, eu de cara no monitor mexendo na antena pra tirar o chiado e sem conseguir entender porque Luke dava aquele berro bem depois de ter perdido a mão, já que eu NÃO OUVI A FRASE!
Ainda lembro de ter me consolado pensando: "Não deve ter sido nada importante."
hahahahahahahahaha!!!!!!!!!





31 - A Convenção das Bruxas (The Witches, 1989)


Garoto cujos pais morreram tragicamente é criado pela avó. A velhinha conta ao neto histórias sobre bruxas, que gostam de enfeitiçar criancinhas.
Um dia, eles estão hospedados num hotel à beira-mar, cujo gerente é o Mr. Bean (!), quando o menino começa a desconfiar de um estranho grupo de senhoras que estão se reunindo ali. Ao segui-las, ele se dá conta que se tratam de bruxas horrendas e, escondido, ouve o plano delas para transformar todas as crianças do mundo em ratos, usando como cobaia um outro menino que estava no hotel.
Porém, o protagonista é farejado, descoberto e também transformado em rato pela Grande Bruxa Má. Mas os dois garotos conseguem escapar e pedir ajuda a avó do menino para tentarem impedir as Bruxas.

TRAUMA:
Mesmo sendo um filme infantil, A Convenção das Bruxas tem um clima meio pesado no começo, como na cena em que uma estranha, também bruxa, tenta sequestrar o garoto, na morte dos pais dele, na sinistra história da menina do quadro, até culminar na pavorosa cena da transformação na sala de convenções, com todas as mulheres presentes virando a mais perfeita transcrição das horríveis feiticeiras dos contos-de-fadas, o pesadelo de qualquer criança.
Depois, mesmo com o garoto virando rato, até que a coisa ficou mais num pique de aventura e só se torna meio incômodo pra quem não gosta desses roedores, principalmente devido ao final da história quando eles se vingam das bruxas.
Angelica Houston, perfeita no papel, com aquela maquiagem ficou a cara da Bruxa do Mar do Popeye.
Lembro que fiquei com receio de tomar banho depois de assistir o filme, porque a avó do garoto falava que quanto mais banho as crianças tomassem, mais fácil as bruxas conseguiam sentir o seu cheiro.





30 - O Homem do Sótão (The Man in the Attic, 1995)


Na cadeia, um homem chamado Edward conta o que, na sua opinião, é uma história de amor. Após ser atropelado pela mulher de seu chefe, Krista, ele, então jovem e promissor, é seduzido por ela. Cansado de só vê-la na ausência do marido, os amantes tomam uma atitude radical.
Completamente submisso, Edward renuncia a sua própria vida e passa a viver escondido no sótão da casa de Krista, situação essa que se arrasta por um longo tempo, durante o qual ele vai conhecendo a personalidade dominadora dela, que não se importa inclusive de levar outros amantes para casa.

TRAUMA:
Lembro bem quando assisti na Tela Quente. Foi a partir desse filme que eu descobri o poder devastador que uma mulher pode ter sobre um homem. E azar do cara se for uma mulher sem escrúpulos, chegando ao ponto de tirar-lhe sua identidade.
Algumas cenas de sexo, inclusive, puxavam pra esse lado sadomasoquista.






29 - Romeu e Julieta (Romeo and Juliet, 1968)




Na Verona de séculos atrás, o jovem Romeu Montecchio vai a um baile de máscaras dos Capuletto, uma família inimiga. Lá ele apaixona-se perdidamente por Julieta, a filha do patriarca dos Capuletto.
Julieta também se apaixona profundamente por Romeu e eles decidem se casar em segredo com a colaboração do Frei Lourenço, que tem a intenção de aproveitar o enlace para por fim à guerra entre as famílias, que tingiam com o sangue dos rivais o chão das ruas de Verona.
Infelizmente o destino reserva uma grande tragédia para o casal.

TRAUMA:
Antes que alguém deboche, convém lembrar que eu vi esse filme quando era muito pequeno e, além do mais, já repararam na quantidade de gente que morre nessa história? Sem falar que deve ter sido minha primeira experiência visual com suicídio, ainda mais com dois!
Romeu e Julieta não é triste, é trágico. E esse é um dos meus filmes preferidos até hoje, mas vê-lo pela primeira vez não foi fácil.
É importante também ressaltar o brilhantismo de Shakespeare. As cenas em que Tebaldo atinge Mercucio por baixo do braço de Romeu (e seu inevitável efeito dominó) e aquele maldito Frade com o burrinho, que era mais lerdo que uma lesma, são dois dos momentos mais aflitivos de uma história que eu já vi.





28 - O Cérebro (The Brain, 1988)


Numa pequena cidade americana, uma estação de rádio e televisão exibe com grande sucesso o programa do Dr. Blake, na verdade um cientista louco que através da programação de lavagem cerebral no público os induz ao assassinato e assim alimenta um cérebro-monstro, com olhos e dentes.
Um jovem casal descobre a verdade e tenta impedir o cientista, mas a essa altura o Cérebro já se tornou um gigante sedento de sangue.

TRAUMA:
Passou no Cine Trash da Band. Difícil esquecer a imagem do Cérebro gigante controlando toda uma platéia e perseguindo o casal protagonista. Acho que ele flutuava no ar.





27 - O Príncipe das Marés (The Prince of Tides, 1991)


Tom, um treinador de futebol americano desempregado e em crise no casamento, vai em socorro da irmã, que tentara o suicídio. A pedido da terapeuta dela, ele vai revelando o passado atormentador de sua família, com um pai severo, uma mãe egoísta e um irmão já falecido.
Enquanto se envolve amorosamente com a terapeuta, revira velhas feridas da infância, e vê que algumas não cicatrizaram nem mesmo anos depois.

TRAUMA:
O grande segredo do personagem é que um dia três presidiários invadiram sua casa e estupraram ele, a irmã e a mãe. Só foram salvos pela chegada do irmão mais velho, que matou dois homens, enquanto a mãe matou o terceiro. Eles enterraram os corpos e nunca contaram nada a ninguém, nem ao pai. Nem ele nem a irmã, que já tinham vários problemas em casa, conseguiram superar o ocorrido.
O filme é bonito, mas essa cena é realmente muito forte e chocante.
Nick Nolte só perdeu o Oscar de Melhor Ator porque concorreu com Anthony Hopkins no ano de Silêncio dos Inocentes.





26 - O Segredo de Kate (Kate´s Secret, 1986)


Kate é uma aparentemente singela dona-de-casa que todos acreditam ter a vida perfeita. Mas por trás dessa fachada, existe uma mulher inquieta, insegura, e capaz de causar um grande mau a si mesma na tentativa de se tornar melhor para o seu marido e família.
Um filme que retratou o, até então pouco comum, tema da bulimia. Kate não sabe que tem a doença e ninguém nota apesar do seu estranho comportamento. Ela se esconde, come pra caramba e vomita tudo pois assim acha que se manterá magra.
O marido só vem a saber quando ela, descontrolada, tenta se matar.

TRAUMA:
Começa aqui a Sessão de Traumas do Cinema em Casa, afinal Sílvio Santos adorava exibir as histórias mais bizarras nas tardes do SBT, muitas delas produzidas pela tv americana.
E grande parte do meu trauma é culpa do narrador que anunciava esse filme fazendo tanto mistério sobre o tal Segredo de Kate, que dava nervoso em qualquer um. Pode parecer besteira, mas sempre que ficava enjoado a ponto de vomitar me lembrava desse filme como se ele fosse sinônimo de doença e mal-estar.





25 - A Ambulância (The Ambulance, 1990)


Um caturnista encontra uma bela mulher e começa uma paquera na rua. De repente, ela passa mal com uma crise diabética e é rapidamente socorrida por uma ambulância. Porém, ao tentar encontrá-la o jovem descobre que ela não foi encaminhada ao hospital.
Intrigado, ele decide investigar seguindo a colega de apartamento da moça, que também acaba desaparecendo, levada pela mesma ambulância.
Tudo leva a crer numa grande conspiração, mas a ambulância espreita perigosamente o jovem antes que ele possa chegar a verdade.

TRAUMA:
O filme é um excelente suspense cheio de ação, não sei porque nunca mais passou no SBT. Se você já tem medo de ficar doente, imagina ser tratado como cobaia quando mais se precisa de ajuda?
Todas as cenas envolvendo a figura misteriosa da ambulância devem ter deixado muita gente inquieta com esses veículos depois de ver o filme.
Cuidado com os seus médicos, hein! hehe





24 - Eu Vi O Que Você Fez, E Eu Sei Quem Você É (I Saw What You Did...And I Know Who You Are!, 1988)


A trama, uma refilmagem feita pra televisão de um filme clássico homônimo de 1965, conta a história de um psicopata e uma adolescente.
Enquanto o homem não segue o conselho do irmão e comete um crime matando uma pessoa, a jovem se deixa levar pela amiga e decide passar trotes pelo telefone com a frase: "Eu vi o que você fez e eu sei quem você é".
Quis o destino que a vítima dela fosse exatamente ele. Preocupado, o assassino decide marcar um encontro seduzindo a garota, que não imagina as reais intenções dele.

TRAUMA:
Outro ótimo suspense que o SBT não passa mais. Esqueça Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado. Esse daqui dá de Dez a Zero.
O clima é muito mais sinistro. O melhor é o final com a clássica:
"Lisa... você matou meu irmão."
Nunca mais passei trote depois desse filme... bom, quase nunca... hehehe





23 - A Hora do Espanto 1 e A Hora do Espanto 2 (Fright Night, 1985 e Fright Night Part 2, 1989)


Rapaz voyeur descobre que seu vizinho é um vampiro e tenta convencer meio mundo sobre isso, mas ninguém acredita nele até que ele busca um "especialista", o apresentador de de um programa de mistério chamado A Hora do Espanto.
Enquanto eles investigam, o vampiro percebe que a namorada do jovem é a reencarnação de uma mulher que ele gostava em outra vida e a seduz.
Um dos poucos filmes que gerou uma continuação à altura, e bem fiel ao original, em que a irmã do vilão do filme anterior retorna para se vingar de seus inimigos. Agora é a vez do protagonista da trama anterior ser seduzido por uma sugadora de sangue.

TRAUMA:
Acho que me chocou a abordagem que coloca os vampiros na nossa época (ou melhor nos anos 80 hehe) de uma forma natural. Ambos os filmes tem ótimas cenas, não daria pra enumerar todas. As minhas preferidas são o espelho quebrado no primeiro que disparou o alarme "Deu Merda!" e o vampiro que tem a barriga rasgada pelas garras de outro no segundo, num momento completamente inesperado.
Aliás, só o primeiro filme me deu um puta medo mesmo. No segundo eu queria mais era ser mordido por aquela vampira vivida pela Julie Carmen. Inclusive só botei o segundo junto pra poder me lembrar dela. hehehe






22 - A Inocente Face do Terror (The Other, 1972)


Numa fazenda vivem dois garotos gêmeos: o levado Holland e o bem-comportado Niles. Entre as várias pessoas que moram na fazenda está Ada, que ensina às crianças um jogo sobrenatural, onde podem ver pelos olhos de outros seres vivos. Ada demonstra uma preocupação especial com Niles, que por sua vez teme que as brincadeiras de seu irmão acabem mal.
Estranhos acidentes começam a acontecer e pessoas morrem na fazenda. O clima de tensão vai aumentando até explodir quando um bebê é sequestrado e um andarilho é tomado como o principal suspeito. Mas Ada sabe que a verdade está relacionada a um mistério envolvendo os gêmeos, só que talvez seja tarde demais pra se fazer algo.

TRAUMA:
Um filme (muito) perturbador com um clima (muito) sinistro. O diretor Robert Mulligan praticamente incorporou Hitchcock e criou uma das maiores obras-primas do terror.
O começo do filme parece uma coisa completamente diferente, até mesmo um singelo retrato da infância e quando o espectador percebe do que se trata é tarde demais pra voltar atrás.
Talvez hoje o segredo dos gêmeos seja até fácil de ser imaginado, devido às constantes cópias usadas em outras histórias, mas mesmo depois de anos é impossível rever esse filme e não se sentir mal... talvez até literalmente.
Hoje se faz muitos filmes de terror com crianças... poucos tão perturbadores quanto esse. Detalhe que os gêmeos são interpretados por atores gêmeos na vida real.
Uma frase entrou pra história, a sussurrante:
"Holland, onde está o bebê?"





21 - O Planeta dos Macacos (The Planet of The Apes, 1968)


Astronautas perdem contato com a Terra e acabam em um planeta desconhecido. Lá descobrem macacos evoluídos e inteligentes e humanos selvagens escravizados por eles. Os astronautas são caçados e só um deles sobrevive para descobrir a terrível verdade sobre aquele mundo.
O filme é um clássico da ficção científica, teve quatro continuações que criaram uma verdadeira mitologia pra série, além de uma refilmagem recente que não deu certo.

TRAUMA:
O filme não dá sossego, os caras se perdem num planeta desconhecido, descobrem a pior ordem social possível (pra eles), são tratados feito animais, mortos ou escravizados e, quando finalmente aparece uma fagulha de esperança, ela é completamente despedaçada num dos finais mais opressores da história do cinema.
Impossível esquecer de Charlton Heston desesperado ao ver a Estátua da Liberdade enterrada na areia e concluir, junto com o público, que o Planeta dos Macacos era na verdade a Terra no futuro.
No fim, um filme que explorava os perigos da viagem espacial se revelou um pesadelo sobre viagem no tempo.





20 - Amor Sem Fim (Endless Love, 1981)


David e Jade são dois adolescentes loucamente apaixonados. Mesmo ela sendo de uma família liberal, o pai não vê com bons olhos o envolvimento excessivo dos jovens e proíbe o rapaz de voltar a sua residência. David vai ficando desesperado e decide botar fogo na casa da família dela pra salvá-los e cair novamente nas graças de todos.
O plano não dá certo já que durante o incêndio, enquanto David tenta tirá-los da casa, fica óbvio que ele começou o fogo. Durante a confusão, o irmão de Jade o acerta e o deixa desmaiado, mas ele é resgatado pelo pai dela.
Depois David é internado num manicômio enquanto a família dela se muda pra longe. Após muito tempo e sofrimento, ele consegue permissão pra deixar a clínica. Mesmo com uma ordem judicial pra não se aproximar de Jade e de sua família ele vai atrás de sua amada.
Enquanto procura por ela, é reconhecido pelo pai de Jade na rua. Ele foge, mas ao ir atrás dele, o pai dela é atropelado e morre. David se culpa, mas acaba conseguindo se reencontar com Jade. Ela tenta desestimulá-lo, mas termina tocada pela força do sentimento dele.
Quando parece que vão terminar juntos, o irmão descobre que ele foi o responsável pela morte do pai. Os dois brigam, a polícia aparece e o final feliz se esvai, assim com o romance de David e Jade.
Diana Ross e Lionel Ritchie eternizaram a música-tema que chegou a transcender o sucesso do filme.

TRAUMA:
Praticamente o filme funciona sobre a ótica de que, pra se viver um grande amor, você tem que ser louco. hehe
Pelo menos aos olhos da sociedade, já que ao espectador fica claro que David só foi ora imaturo, ora azarado, não queria causar mal pra ninguém e foi punido muito mais do que deveria.
Ver alguém lutando por seu sonho sendo tratado como um monstro é o que torna o filme tão angustiante.





19 - Bala de Prata/ A Hora do Lobisomen (Silver Bullet, 1985)


Numa pequena cidade dos Estados Unidos crianças são atacadas e mortas de forma selvagem. Um garoto paralítico começa a suspeitar que existe um lobisomen à solta e tenta convencer sua irmã e seu tio, mas à luz do dia a criatura é uma pessoa normal que fará de tudo para não ter seu segredo revelado.

TRAUMA:
Outro suspense muito bom dos anos 80, baseado num conto de Stephen King. O menino se sentindo acuado pela sua condição física limitada tornava o clima ainda mais pesado.
O pesadelo do padre com todo mundo virando lobisomen na igreja e a primeira aparição de um certo tapa-olho são cenas pra lá de sinistras.





18 - O Grande Búfalo Branco (White Buffalo, 1977)


Em 1874, o pistoleiro Wil Bill Hickok, famoso por matar vários índios, sai em busca de um Búfalo Branco que lhe causa estranhos pesadelos. Ele se une a um pistoleiro caolho chamado Zane e ao Chefe índio Cavalo Louco, que teve a filha assassinada pelo gigantesco animal, e descobre que a fera misteriosa, que muitos julgam ser apenas uma lenda indígena, está atacando e deixando um rastro de morte em seu caminho.
No fim da caçada, Hickok e Cavalo Louco descobrem o mistério que os ligava ao Grande Búfalo Branco.

TRAUMA:
Esse filme é praticamente Tubarão no Velho Oeste! Tubarão no Velho Oeste! hehehe
O Búfalo Gigante hoje não assusta tanto (na época assustava muito) devido aos precários efeitos especiais, se bem que o filme até que envelheceu bem.
Mesmo assim não ouve um pirralho que não se envolvesse com a história e com o excelente clima de suspense da produção, que marcou época no SBT.
O que poderia ser totalmente trash (a caçada a um touro albino gigante) vira uma experiência cinematográfica fascinante e um mergulho profundo na cultura indígena.
E além disso eu tinha um medão desse bicho... e olha que eu nem sabia o que era um búfalo!





17 - Invasores de Marte (Invanders From Mars, 1986)


Refilmagem de um clássico da ficção científica de 1953, o filme conta a história do garoto David, que no dia de uma chuva de meteoros presencia da janela do seu quarto o pouso de uma espaçonave atrás de uma colina. Ele avisa aos pais que não acreditam, mas no dia seguinte ao ir à colina, seu pai passa a ter um comportamento estranho.
Logo todos, sua mãe, sua professora e seus colegas começam a ter atitudes estranhas. Seguindo a professora, David descobre que ela estava sob as ordens de um monstruoso marciano em forma de cérebro gigante e, com ajuda de Linda, a enfermeira da escola e única que ainda não tinha sido abduzida, vão até numa base da NASA avisar ao Coronel Wilson, que após ter um foguete sabotado pelos mesmos marcianos, percebe que o garoto está falando a verdade e declara guerra aos alienígenas, cuja fonte de poder é abastecida com uma reserva natural encontrada da Terra: o cobre.

TRAUMA:
Infelizmente o filme não foi bem-sucedido como sua versão original (que eu gostaria muito de assistir), mas ainda assim me causava arrepios quando criança, especialmente pelo final. Um dos méritos é que durante boa parte do tempo se deixa no ar a dúvida se tudo não passa de paranóia do garoto, elemento por si só já bastante aflitivo, e que parece se confirmar no fim aonde David acordava e era tudo um sonho.
Após o alívio e uma conversa com os pais ele vai dormir outra vez... quando vê pela janela a espaçonave marciana pousar na colina de novo exatamente como no começo do filme!
Os críticos de cinema podem detonar essa cena, mas a garotada delirava de pavor!






16 - Bem-Vindo ao Lar, Bobby (Welcome Home, Bobby, 1986)



Após ser preso usando drogas na faculdade, a família de um jovem estudante brilhante chamado Bobby descobre que ele teve um caso com um homem mais velho. Ele passa então a ser rejeitado tanto em casa, principalmente pelo pai, quanto na faculdade, aonde seus colegas pedem por sua expulsão.
Bobby, em conflito com o resto do mundo e com sua própria homossexualidade, só encontra apoio na sua namorada(!) e no irmão, que o pai teme seguir pelo mesmo caminho, o que faz com que force Bobby a frequentar uma terapia e azeda mais sua relação com o filho.

TRAUMA:
Outro clássico do Cinema Em Casa (que assim como a maioria dos filmes dessa Sessão do SBT era feito originalmente pra TV americana e jamais passou no Cinema), essa produção foi uma tentativa bem-intencionada de retratar um adolescente que se descobre homossexual saindo do armário, mas mesmo tratando de temas pioneiros o filme derrapa feio em vários pontos como a namorada que não sente ciúme do amante do Bobby, mas termina com ele pra não ser sabotada pelos professores ou a questão das drogas que é tratada de uma forma descontextualizada ou envergonhada, não ficou claro.
Alguém lembra daquela espécie de bandana ou lenço que o protagonista usava na cabeça, visual comum nos anos 80?
É inegável o impacto que o filme teve nas suas constantes reprises no SBT. Um montão de gente tinha medo de ser pego assistindo e ser taxado de gay e bem-vindo ao lar virou até gíria quando você queria chamar alguém de boiola. Isso tudo, somado às chamadas padrão do SBT (sempre sensacionalistas) deram ao filme uma aura muito mais pesada do que ele realmente é.
A mim o que incomodou mais foi a cena em que ele quer provocar o pai. Dava angústia de ver quando Bobby aparece no jantar vestido e maquiado como uma mulher.





15 - A Última Tentação de Cristo (The Last Temptation of Christ, 1988)


O filme conta a história de Jesus, ressaltando seu lado humano e suas dúvidas. Ele começa renegando sua Missão, fazendo cruzes(!) para os Romanos e mais tarde, já posto em seu papel de Messias, quase põe fogo no Templo de Jerusalém.
No momento em que está sendo crucificado, é tirado da Cruz por uma criança que diz ser seu anjo da guarda e passa a levar uma vida normal como carpinteiro, casando-se com Maria Madalena. Após a morte dela, ele se casa novamente e tem um caso com a cunhada...
Após anos, já idoso, e com os romanos tocando o terror na região, Jesus reencontra Judas que lhe revela que a menininha que o libertou era Satanás! Jesus implora a Deus para voltar a ser o Messias e de repente está novamente crucificado outra vez no mesmo ponto do tempo e tudo aparentemente foi um sonho.

TRAUMA:
O Código da Vinci é leitura pra coroinha perto desse filme do Martin Sorcese.
Primeiro filme que eu vi sobre Jesus e primeiro filme que eu vi legendado. Imagine o rolo na minha cabeça? Lembro perfeitamente de assistir numa madrugada do SBT (tinha que ser hehehe) junto com a minha mãe.
Todo mundo numa certa idade se sente constrangido de assistir cenas de sexo em filmes e novelas com os pais presentes... agora imagine assistir com a sua mãe uma cena de sexo com Jesus?!?! Também achava a cena da paralização da crucificação surreal e a da revelação de Judas sobre a garotinha digna de filme de terror.
Eu até entendo a intenção do Scorcese e do autor do romance que deu origem a esse filme que ele dirigiu, e que acho que tem seus méritos, mas desde criança tem algo que eu não entendo:
Como Jesus podia ter tantas dúvidas sobre ser o Messias e depois não ter nenhuma dúvida sobre deixar de Sê-lo? Afinal, é a história de um Messias indeciso ou de um coitado pego pra Cristo... literalmente?
Outra coisa que prejudica a trama é a metáfora política proposta no filme, com judeus falando inglês com sotaque americano e Romanos com sotaque britânico.
A produção e o desempenho de William Defoe são caprichados, mas acho errado dizer que comparado a essa versão, os outros filmes mostram um Jesus autômato. Seria mais honesto se dissessem que nos outros filmes Jesus é um fanático religioso do que acusá-Lo de ser desprovido de Humanidade.






14 - Sepultado Vivo (Buried Alive, 1990)



Mulher insatisfeita e ambiciosa decide matar seu marido com um veneno especial dado por seu amante, para não deixar rastros de homicídio. O que eles não esperavam é que o veneno apenas tivesse deixado o homem em estado cataléptico.
Ao acordar, ele percebe que foi enterrado vivo. Graças à má qualidade do caixão (!) o marido consegue se libertar e sair de sua própria cova. Traumatizado, decide se vingar dos amantes, transformando a própria casa que construíra para a mulher numa armadilha mortal.

TRAUMA:
Clássico absoluto do SBT. Quem nunca teve medo ou sonhou que era enterrado vivo? Bom, com certeza esse filme contribuiu muito pra essa paranóia em quem assistiu. A produção oscila entre o suspense e o terror.
Levei anos pra conseguir assistir o filme do começo ao fim. Era sempre uma experiência apavorante toda vez que ele era anunciado. Acho que eu imaginava que o protagonista era uma espécie de zumbi, sei lá.
Teve uma continuação... Sepultada Viva! Esse eu tive a sorte(?) de ver numa madrugada da Globo.





13 - O Homem-Cobra (Sssss!, 1973)


Um cientista louco realiza bizarras experiências com cobras, pelas quais é fascinado. Um jovem estudante, David, torna-se seu assistente e passa a ser usado como cobaia sem saber num lento processo de transformação numa criatura horripilante.
Enquanto o cientista usa as cobras para matar seus desafetos, David se apaixona pela filha dele que, desconfiada do pai, decide seguir o rastro do antigo assistente dele e o encontra num circo de aberrações. Quando ela volta para salvar seu namorado já é tarde demais...

TRAUMA:
Clássico dos clássicos do SBT. O filme atingiu uma popularidade absurda quando foi levado ao ar pela emissora pela primeira vez (no tempo que ainda era TVS). Depois de algumas reprises ficou longos anos sem ir ao ar. A algum tempo tinha voltado a passar, mas agora já faz anos desde a última vez que foi anunciado na programação.
Só a menção do Homem-Cobra já me deixava aterrorizado na infância. O filme, mesmo sendo uma produção B descaradamente tosca (a começar pelo título original), consegue ser altamente perturbador pelo clima envolvente e por tratar as etapas da transformação gradual de forma sutil, fazendo o público sentir o sofrimento de um humano tratado como cobaia.
O penúltimo estágio da transformação do rapaz (que foi o mesmo onde parou o outro assistente que foi vendido ao circo) é um grande trabalho de maquiagem, apavorante mesmo, mas no fim quando você espera algo ainda pior a metamorfose se conclui com o protagonista virando uma cobrinha de tamanho normal numa cena de sobreposição de imagens tosca à beça.
Pra piorar, o cientista pateta morre logo depois picado por uma de suas próprias cobras e o Homem-Cobra é morto por um mangusto (espécie de doninha eu acho) inimigo natural desses répteis.
Apesar disso, ainda resta uma boa razão para rever a produção: Heather Menzies, uma das atrizes mais bonitas do cinema, na flor da juventude.






12 - A Mosca 2 (The Fly 2, 1989)


O filho do cientista que se fundiu com uma mosca numa máquina de teletransporte é criado dentro de um laboratório por um executivo ganancioso. Ele pensa viver como um jovem normal, embora tenha um crescimento acelerado, atingindo a adolescência aos 5 anos e trabalha na mesma pesquisa de teletransporte do pai, aonde assiste seu cachorro ser transformado num monstro.
Com o passar do tempo, ele percebe que foi enganado pelos cientistas. Descobre também o seu terrível legado e o monstro a que está destinado se tornar e decide se vingar.

TRAUMA:
Eu não vi A Mosca de 1986 com o Jeff Goldblum, nem o clássico A Mosca da Cabeça Branca de 1958 com Vincent Price e tão pouco suas continuações. Sei que são clássicos do cinema de horror e ficção científica. Mas o que realmente me lembro é de ter visto A Mosca 2 à noite na Globo e como o filme me deu náuseas e pesadelos.
Francamente, eu já me sentia incomodado com o Baxter Stockman virando um Homem-Mosca no desenho das Tartarugas Ninjas, imagina então nesse filme que já começa com a mãe do cara dando à luz a um casulo de onde tiram um bebê?
Assim como o original é uma história altamente perturbadora com uma transformação gradual e um caprichado visual asqueroso, "ideal" para pessoas impressionáveis. hehehe
O que incomodou os fãs foi o final feliz, que é muito esquisito.





11 - A Menina Que Viu Deus (Oh! God! II, 1980)


Tentando ajudar os humanos, Deus entra em contato com uma garotinha filha de pais separados. Após pedir conselhos ao pai, que é publicitário, a menina une seus colegas numa campanha com o slogan "Pense Deus".
Só que quando ela começa a dizer que fala com Deus, psiquiatras tentam convencer os pais a interná-la.

TRAUMA:
Sei que parece estranho colocar essa drama singelo após uma sucessão de bizarrices, mas acontece que quando eu o vi não sabia que era parte de uma trilogia iniciada com Alguém Lá em Cima Gosta de Mim de 1977 e concluída em O Céu Continua Esperando em 1984 e muito menos que a figura do ator George Burns ficou imortalizada no papel de Deus.
Foi ignorando tudo isso que eu peguei a história e, quando chega no ponto em que acham que a menina era louca e, por alguma razão que não me lembro bem, quando ela chama por Deus, Ele não aparece mais, eu me sentia muito mal. Afinal, pra mim parecia que a menina era esquizofrênica mesmo e Deus não existia, ou pior... Ele a abandonou.
Tudo isso mexeu muito com a minha cabeça infantil e me fez questionar duramente a existência ou não de Deus na época.
Felizmente o filme acaba passando uma forte mensagem de esperança. Uma pena que ultimamente o SBT não exiba mais esses filmes... senão me engana a emissora exibia antigamente a trilogia completa.





10 - A Coisa (The Stuff, 1985)


Uma misteriosa substância viscosa branca é encontrada em grande quantidade num lago no subsolo por mineradores. Ao descobrirem seu sabor delicioso, ela logo é comercializada como alimento e faz um tremendo sucesso por ser viciante.
Os únicos que começam a desconfiar que tem algo errado são um ex-agente do FBI que estava trabalhando como espião industrial da coisa e um garoto que viu a coisa se mexendo sozinha na geladeira e depois notou que seus pais passaram a agir estranhamente ao ingerirem grandes quantidades do alimento.
A dupla se une a publicitária que tornou a coisa famosa e descobrem que ela domina e devora as pessoas por dentro (A coisa, não a publicitária). Pedem então ajuda a um Coronel fanático que declara guerra à coisa.

TRAUMA:
Esse filme me fez ficar muito tempo sem comer iogurte e um pouco de tempo sem comer pão também. Só porque numa das cenas diziam que o ingrediente secreto da coisa devia ser algo simples como o fermento pro pão... então por via das dúvidas... hehehe
Lembro de assistir essa pérola trash na Sessão das Dez do SBT. Uma das produções mais gosmentas de todos os tempos, era terrível imaginar você sendo devorado pelo seu próprio alimento.
Tá certo que o filme sempre foi tão exagerado ao ponto de ser considerado terrir, mas a cena daquele radialista tendo a cara arrebentada de dentro pra fora pela coisa foi um momento chocante da minha infância.





9 - Essa Mulher é Proibida (This Property is Condemned, 1966)


Durante a Grande Depressão, uma menina desabrigada, Willie, caminha pelos trilhos da antiga Ferrovia da pequena cidade de Dodson conversando com seu amigo Tom. Ela conta a ele a triste história de sua irmã Alva, que vivia ali na época em que a Ferrovia era o grande combustível da cidade, ao lado dela e da mãe, que queria forçar Alva a casar-se com o Sr. Johnson, um homem com mais idade e dinheiro.
Um dia, chega à Dodson o forasteiro Owen que, ao hospedar-se na Pensão delas, imediatamente torna-se amigo de Willie e entra em atrito com o jeito avoado de ser de Alva. Todos pensam que Owen é só mais um desempregado tentando conseguir uma colocação na Ferrovia, o que faz a mãe desaprovar a constante aproximação da filha com o estranho.
Porém, os dois acabam se apaixonando para desgosto de JJ, o namorado da mãe delas que na verdade era apaixonado pela filha mais velha. Para se vingar, ele conta a jovem que Owen fora mandado pelos chefes da Ferrovia para demitir os trabalhadores, o que também acabaria com a Pensão de sua família. Alva confronta Owen e, após uma discussão, eles se beijam e acabam passando a noite juntos.
Depois Owen cumpre sua obrigação e começa a demitir todos, sendo hostilizado por toda a cidade a ponto de ser espancado por um grupo liderado por JJ quando saía do cinema com Alva.
Owen decide ir embora levando Alva com ele, mas a mãe, vendo que o barco está afundando e como não conseguia fazer a filha desistir do namorado, o engana fazendo-o pensar que Alva ia se casar com o Sr. Johnson pra dar o golpe do baú. Owen tem uma última briga com Alva e vai embora. Naquela noite a jovem, desesperada e bêbada, decide se vingar da mãe, casando-se com JJ.
No dia seguinte ela rouba todo seu dinheiro e vai para Chicago aonde reencontra Owen, que não a tinha esquecido. Eles passam a viver dias de grande felicidade, mas, preocupada com a irmã, Alva e Owen mandam uma carta para Willie ir morar com eles. Só que quem aparece é a mãe, querendo levar a filha com ela. Diante da negativa ela conta toda a verdade sobre o casamento e o roubo de JJ.
Alva vê seus sonhos destruídos no olhar chocado de Owen e, desesperada, sai correndo e gritando no meio de um temporal. Então, de volta ao presente, Willie se despede de Tom, contando a ele que a mãe a abandonou indo morar bem longe e Alva depois daquela chuva pegara a mesma doença da mocinha do filme que outrora ela havia assistido com Owen no cinema:
"Minha irmã está no jardim de ossos."
"Onde?"
"Jardim de ossos, seu bobo. O cemitério."

TRAUMA:
Lembro de quando era pequeno e pensava que essa era a história mais triste do mundo. Todo mundo no filme é pobre e faz coisas execráveis por dinheiro, mesmo que use a desculpa de lutar por um bem maior. Mérito de Tennessee Williams que escreveu o original e de Francis Ford Coppola, que adaptou brilhantemente o roteiro da peça (que só tinha dois personagens!) pro cinema.
O romance é muito bem feito, Natalie Wood e Robert Redford tiveram grandes interpretações, o que acentua o clima de melancolia conforme vai se aproximando o final infeliz. Aliás, a melancolia impregna todo o filme, é muito difícil não se sentir deprimido ao assisti-lo. Eu, pelo menos, me sentia assim, essa obra me marcou muito.
A produção foi reprisada várias vezes em quase todos os canais da TV aberta brasileira, a última vez acho que foi na Rede TV!, e ainda hoje é um dos meus filmes preferidos.





8 - Papillon (Papillon, 1973)


Papillon é um homem injustamente preso na França pela morte um gigolô rival e condenado à prisão perpétua. Ele é mandado para uma colônia penal na Guiana Francesa, a terrível Ilha do Diabo, cercada por selvas infestadas de jacarés e cobras e um mar repleto de tubarões, de onde ninguém jamais conseguiu escapar.
Contudo, Papillon e seu amigo Dega, um falsário famoso abandonado pela esposa na prisão, vão efetuar vários planos de fuga ao longo dos anos, todos terminando em esperanças perdidas e em terríveis castigos físicos e psicológicos.
Mesmo assim, Papillon, que viu seus amigos serem mortos e está destruído e envelhecido, ainda persiste, sonhando com a tão almejada liberdade...


TRAUMA:
Um dos mais clássicos (senão o mais clássico) filme sobre prisão e fugas.
A história é uma bela mistura de aventura com drama. Ora o personagem e seus companheiros estão navegando no mar, passando por uma colônia de leprosos ou uma tribo indígena, ora estão confinados na solitária por anos, o que rende as cenas mais fortes do filme.
Impossível esquecer a parte da barata, ou o envelhecimento precoce do personagem de Steve Macqueen (que arrasou no papel) no final da trama.
Papillon é uma obra chocante, inspirada em fatos reais (embora hoje em dia haja grande contestação sobre a real identidade de Papillon), que sacudiram a opinião pública francesa fazendo com que a prisão da Ilha do Diabo fosse desativada.
Parecia que até pouco tempo havia uma espécie de regra, eu não sei, mas todo feriado de carnaval o SBT ou alguma outra emissora exibia Papillon e Amor Sem Fim quase simultaneamente.





7 - Fogo no Céu (Fire in the Sky, 1993)


Uma noite, ao voltar do trabalho com seus amigos, Travis Walton desaparece. Seu cunhado Mike e os outros chegam amedrontados à pequena cidade onde vivem e contam que viram uma luz numa clareira. Ao se aproximarem descobriram tratar-se de um disco voador. Travis saiu do carro onde estavam e fora abduzido pela nave, enquanto os outros fugiram apavorados.
A polícia obviamente não acredita e passa a investigá-los por assassinato, enquanto a cidade fica em polvorosa com a chegada da imprensa quando a versão dos amigos de Travis chega a público.
Não gostando da desordem e vendo o lugar sendo invadido por centenas de estranhos, de jornalistas a ufólogos, os cidadãos pressionam as autoridades a prender Mike e os outros, que por sua vez se submetem a um detector de mentiras, que prova que todos eles estavam dizendo a verdade.
Ainda assim, continuam sofrendo acusações, quando Mike e a irmã recebem uma ligação de Travis e o encontram nú, desmemoriado e desorientado num posto à beira da estrada. Numa reviravolta da história, todos tentam ajudar Travis a se readaptar, enquanto se perguntam o que realmente houve com ele. Aos poucos ele vai se lembrando, em meio a flashs, de terríveis momentos dentro da nave espacial, quando sofreu experiências dos extraterrestres.

TRAUMA:
O que eu acho mais impressionante é nunca ter ouvido falar desse filme antes de vê-lo no Cinema em Casa. Portanto, também não estava preparado pra ele.
A produção é muito caprichada, a trama começa como um filme de suspense, vai enveredando pra um lado policial conforme o enredo nos faz acreditar que os amigos poderiam ter matado Travis, idéia que logo a seguir é desacreditada pela cena do detector de mentiras.
Quando a coisa parece que vai virar um drama criminal ou de tribunal o protagonista reaparece. E só então descobrimos que o que ele passou durante esse tempo foi mais digno de um filme de terror. As sequências dentro da nave devem ser as mais barra-pesada que a ficção científica já fez no cinema em filmes de OVNIS.
O curioso é que a história é baseada em fatos reais e, de acordo com o verdadeiro Travis Walton, na verdade os alienígenas que o levaram o trataram até de forma gentil, completamente diferente do que se vê no filme.
Nada contra a magia do Cinema, mas eu me pergunto: se nem o pobre homem passou por aquele terror todo, será que nós espectadores tínhamos que passar?




6 - Projeto Filadélfia (The Philadelphia Experiment, 1984)


Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, a Marinha Americana prepara-se para excutar o polêmico e misterioso Projeto Filadélfia, na tentativa de fazer com que um de seus navios não fosse detectado pelo radar inimigo, tornando-o supostamente invisível.
Porém, algo sai muito errado e o destroyer alvo da experiência é envolvido num gigantesco campo eletromagnético. A maioria da tripulação morre e dois membros dela, David e Jim, saltam apavorados no mar, mas quando dão por si acabam indo parar num deserto em meio a outra experiência do Exército. Eles fogem e, chocados, descobrem estar no futuro, em 1983, onde são ajudados por uma mulher chamada Allison.
Enquanto David se apaixona por Allison, Jim começa a ser vítima de uma estranha espécie de eletromagnetismo que pouco a pouco vai tomando conta de seu corpo como um vírus, fazendo-o ter violentas convulsões.
A coisa piora quando os dois descobrem que o mesmo cientista de 40 anos atrás vai repetir a experiência do Projeto Filadélfia com o Projeto Fênix, e correm contra o tempo para impedir uma catástrofe, mesmo que ninguém acredite neles.

TRAUMA:
Acho que esse filme foi um dos meus primeiros traumas de infância e uma das mais assustadoras produções envolvendo viagem no tempo. Embora seja divertido e levemente desconcertante ver a reação de duas pessoas dos anos 40 perdidas nos anos 80, as cenas do corpo de Jim se iluminando e atraindo raios são bem perturbadoras até culminar na terrível cena do hospital, uma das coisas mais bizarras que eu já vi na vida.
O mais angustiante é que logo depois de ver o amigo desaparecer daquele jeito, David olha pra própria mão e vê que ela está no mesmo estado que a de Jim no começo.
Muitas testemunhas dizem que o Experimento Filadéfia realmente aconteceu e em grande parte o que aparece no filme, que teria sofrido até boicote nos cinemas dos Estados Unidos, é o fiel relato das testemunhas sobre esses fantásticos eventos supostamente reais.






5 - Contos da Escuridão (Tales of Darkside: The Movie, 1990)



Uma bruxa rapta um menino e o leva para sua casa para devorá-lo. Para retardar seu fim, o garoto passa a narrar a bruxa histórias de terror sobre um estudante que ressuscita uma múmia que começa a atacar seus colegas, sobre um gato imortal que faz várias vítimas e sobre um homem que encontra uma criatura medonha na calada da noite e faz um pacto com consequências atordoantes no futuro.

TRAUMA:
Esse filme assustador ganhou até prêmio em um festival de cinema fantástico e gerou várias continuações. Aqui eu o assisti numa tarde inesquecível no Cine Trash da Band.
Confesso que peguei a história depois da metade, quando o garoto já está pra contar à bruxa a última história, Lover´s Wow, e foi essa que me traumatizou.
Como desculpas, devo dizer que a primeira e a segunda são baseadas respectivamente em contos de Sir Arthur Conan Doyle e Stephen King, mas vou me concentrar mesmo na terceira.
No conto, um artista fracassado está saindo do bar com um amigo de madrugada quando são atacados por uma criatura que parece ser um gárgula. O monstro trucida seu amigo, mas o deixa ir sob a condição de não contar o que viu naquela noite a ninguém. Aterrorizado, o homem concorda e o gárgula vai embora.
O artista sai correndo de lá e, quando já está longe, pára para tentar se recuperar. É quando vê uma bela mulher caminhando sozinha na rua deserta. Ele a aborda preocupado e insiste em levá-la pra sua casa por segurança. Apesar de aparentemente assustada com a atitude dele, ela acaba concordando.
Lá, ela trata dos ferimentos causados pelas garras da criatura, embora ele não conte como os ganhou. Rola um clima e eles acabam transando. No dia seguinte, ele ouve um barulho de sirene, volta ao local da noite anterior e vê que encontraram o corpo do amigo, mas não fala nada.
Ele passa a ser obcecado pela imagem do gárgula desenhando-o por toda parte. Enquanto isso, vai se envolvendo mais com a mulher que o ajuda a deslanchar sua carreira. Quando ela fala que está grávida eles decidem se casar.
Dez anos depois, o casal tem dois filhos e ele é um artista de sucesso. Uma noite, ele se despede do seu agente e decide contar a esposa a única coisa que sempre escondeu dela: o encontro com a criatura na noite em que eles se conheceram.
Aqui acontece uma pegadinha. Enquanto ele mostra a ela uma estatueta do monstro e diz o que houve é mostrado o agente dele tentando em vão conseguir um táxi na rua deserta, o que me fez pensar que o monstro voltaria pra matar outro amigo dele.
Nesse momento então a mulher se vira com um olhar apavorante e diz:
"Você prometeu não contar a ninguém."
E, diante dos olhos incrédulos dele, ela se transforma no gárgula! (e detalhe: o gárgula tinha um voz grossa pra caramba!)
Logo o óbvio vêm a sua mente aterrorizada e, quando ele se vira, lá estão seus filhos, agora dois pequenos gargulhinhas...
Pela primeira vez em minha vida, eu por muito pouco não vomitei vendo um filme. Foi preciso muita concentração pra me aproximar e desligar a TV (que falta fazia um controle remoto naquele tempo) e assim não vi o monstro matando aquele que outrora foi seu marido e se tornando pedra de novo ao lado dos filhotes no topo de um prédio.
Uma curiosidade é que esse conto foi inspirado numa lenda japonesa, que por sua vez já havia sido filmada como uma das histórias do clássico do terror As Quatro Faces do Medo, filmado no Japão em 1964. A história original se chamava A Mulher da Neve.
Ah, a propósito, o agente do cara no filme americano acabou conseguindo pegar um táxi e foi embora tranquilamente.





4 - Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, 1981)


Dois mochileiros americanos, David e Jack, estão atravessando o interior da Inglaterra, quando chegam num bar de beira de estrada à noite. Os habitantes locais não gostam de desconhecidos e não são nem um pouco gentis com eles.
Pra evitar confusão a dupla decide voltar pra estrada deserta, mas algumas pessoas no bar se arrependem de tê-los deixado sair assim, por causa do perigo que rondava aquele lugar. Quando alguém comenta que era lua cheia, ouve-se um uivo de lobo.
Na estrada, David e Jack são espreitados por uma estranha criatura.
De repente uma fera pula sobre Jack trucidando-o. David a príncipio foge, mas, ante os gritos do amigo, decide voltar pra salvá-lo quando é atacado pela mesma criatura. Nesse momento, ele é salvo pelos aldeões que atiram no bicho. Porém, antes de desmaiar com os ferimentos, o que ele vê ao seu lado é um homem despido sangrando.
Algum tempo depois, ele acorda atordoado num hospital em Londres, onde conhece uma bela enfermeira, Alex. David não consegue entender o que aconteceu e começa a ter bizarros pesadelos e visões de Jack com a carne dilacerada. Seu amigo morto surge lhe contando que ele foi amaldiçoado.
David decide ficar um tempo em Londres e inicia um caso com Alex, com quem vai morar quando tem alta. Uma noite, porém, ele descobre o que Jack quis dizer ao se transformar num terrível Lobisomem. Inconsciente e feroz, ele sai no meio da noite fazendo vítimas fatais pelas ruas. Ao acordar volta ao normal, mas descobre que, além de Jack, os fantasmas dos que matou em sua forma monstruosa também passam a persegui-lo.

TRAUMA:
Eu tive febre quando vi esse filme a primeira vez no Cinema em Casa. Febre. Fora os pesadelos com lobisomems, até mesmo acordado. E olha que assisti o longa acompanhado do meu irmão e da minha mãe.
Acho que o diretor John Landis não conseguiu decidir se fazia uma sátira de humor negro ou um drama sério e o resultado acabou sendo essa mórbida produção repleta de momentos pesadíssimos.
O doentio sonho dentro do sonho, a horripilante e dolorosa cena da metamorfose que rendeu um Oscar ao genial maquiador Rick Baker, os sangrentos ataques da criatura e as conversas com os mortos-vivos despedaçados são cenas de embrulhar o estômago.
Se alguém ainda tem trauma deste filme um conselho: compre o DVD e assista à história com os comentários dos atores David Naughton e Griffin Dunne que viveram respectivamente David e Jack.
Os caras falam tanta abobrinha sobre os bastidores da produção que você inevitavelmente acaba vendo o filme por outros olhos. É hilário a parte em que David Naughton tenta convencer um incrédulo Griffin Dunne que foi constrangedor fazer a longa cena de sexo com a bela Jenny Agutter, que vivia Alex. O melhor é quando, depois das explicações do colega, Dunne diz:
"Eu ainda acho que o Jack poderia estar nessa cena. Com maquiagem de zumbi e tudo."






3 - O Príncipe das Sombras (Prince of Darkness, 1987)


Um padre e um cientista descobrem uma estranha chave com outro sacerdote falecido que fazia parte da misteriosa organização Irmandade do Sono. As pistas os levam a um segredo escondido numa pequena igreja abandonada no meio de Los Angeles, para onde partem com um grupo de cientistas.
Lá encontram um estranho cilindro contendo um líquido, que seria, nada mais nada menos, que o filho de Satã. Coisas estranhas começam a acontecer quando um grupo de mendigos liderados por Alice Cooper (?) os prende dentro da igreja, matando quem tenta sair, enquanto uma das pesquisadoras vê o líquido saindo do cilindro e pingando no teto (!) para logo em seguida ser possuída quando parte desse mesmo líquido entra por sua boca.
A partir daí, ela começa a vomitar partes do líquido nos demais, transformando todos em zumbis, cuja pele vai decascando aos poucos e ficando cheia de feridas.
Um tempo depois um dos cientistas é totalmente infectado, tornando-se O Príncipe das Sombras do título, com o objetivo de trazer seu pai até o nosso mundo, cuja chegada é revelada através de um assustador e estranho flash do futuro.

TRAUMA:
Acho que provavelmente O Príncipe das Sombras foi o filme mais aterrador que eu já vi. Mistura de ficção científica com teorias da conspiração, religiosidade, suspense e terror puro.
Tudo é muito bem esquematizado desde os primeiros minutos por John Carpenter com o objetivo de meter medo no espectador com coisas como a história bizarra sobre um Deus alienígena, o estranhíssimo sonho que não era sonho (filmado com imagem de tv), a transformação das pessoas naquelas camas diante da visão do cara preso no armário, que por sua vez falava através de um rádio com as pessoas do outro lado da parede, que tentavam derrubá-la pra impedir que o Diabo pisasse no nosso mundo, e o final macabro e duramente cruel.
Aliás, eu ia contar o final, envolvendo uma cena com um espelho, mas desisti, pois vale a pena assistir essa, que pra mim é a maior obra-prima do diretor. Nenhum dos outros filmes que vi do Carpenter, mesmo os melhores, conseguiu atingir um clima tão... apocalíptico.
Lembro da tarde de sábado em que o SBT o exibiu. Eu ficava apavorado e fascinado ao mesmo tempo. Apavorado eu trocava de canal nas cenas mais sinistras (ou seja, quase toda hora) e fascinado voltava a assistir o filme logo a seguir.
O único aviso que eu dou a quem se interessar pela obra: Muito cuidado pra não ir atrás de O Príncipe das Sombras achando que está preparado para mergulhar num pesadelo e, antes que possa perceber, acabar assistindo o drama romântico homônimo estrelado por Brad Pitt... isso sim seria mesmo assustador! :P
kkkkkkkkkkkkkkkkk





2 - Os Três Desejos de Billy Grier (The Three Wishes of Billy Grier, 1984)


Um adolescente vai fazer um exame médico e descobre que sofre de uma raríssima doença que lhe causa envelhecimento rápido. Pior: a doença não tem cura.
Mesmo contando com o apoio da mãe, que nunca o abandona, Billy vê sua vida pessoal desmoronando e seu corpo definhando cada vez mais rápido, ganhando a perturbadora aparência de uma pessoa bem mais velha.
Sentindo a proximidade da morte, ele decide fazer uma lista das três coisas que gostaria de fazer em vida:
- Aprender a dirigir.
- Perder a virgindade.
- Tocar saxofone.

TRAUMA:
O mais traumatizante filme sobre doenças que passou no SBT. Me metia um medo irracional quando era criança toda vez que era anunciado.
O filme já começa pelo final, com ele velhinho conversando com umas crianças e a mãe dizendo pras pessoas que ele era um tio dela pra poupá-lo. Então começa a contar a história e é tão chocante vê-lo sair da consulta médica dizendo que teve só um probleminha no joelho, provavelmente o primeiro sinal da artrite que o atacaria com tudo conforme fosse envelhecendo.
Lembro que parei de ver quando ele já aparenta estar velho e aproveita um cochilo da mãe pra ir ver a namorada, que não sabia da doença. Não aguentei mais continuar. Era muito aflitivo assisti aquilo tudo. Se o garoto da bolha de plástico já era rejeitado no seu meio social, imagine o Billy Grier?
Hoje até queria vê-lo até o fim, ainda que pelo começo já saibamos o final. A voz de velhinho que fazia o Cleonir dos Santos, dublando Ralph Macchio, era outra coisa angustiante.
O filme evita mostrar a morte do protagonista, terminando com ele velhinho andando na praia, possivelmente procurando passar uma mensagem positiva.
Acho que a grande razão desse filme ser tão perturbador é que, no fundo, no fundo, ele remetia a um medo que eu achava que tinha de ficar velho. Bom, eu tinha esse medo sim, mas na verdade ele mascarava um outro medo maior.





1 - Para Sempre na Memória (Permanent Record, 1988)



David é um jovem músico cheio de amigos e garotas e querido por sua família. Uma noite, enquanto todos estavam numa festa, David leva seu carro até uma ponte... e se mata atirando o carro lá do alto.
Todos que o conheciam ficam muito chocados e abalados com o que acreditam ser um terrível acidente, principalmente seu melhor amigo Chris. Ele resolve assumir os projetos inacabados de David como homenagem ao amigo, a peça do colégio e uma música que ele estava compondo.
Após verificar que David na verdade cometera suicídio, Chris tenta contar a verdade, mas é hostilizado por isso, já que ninguém quer acreditar que uma pessoa como David tiraria a própria vida. Somando todos essas pressões e problemas à culpa que sente por não ter salvo seu melhor amigo, Chris começa a sentir uma profunda dor emocional que pode levá-lo ao mesmo perigoso caminho trilhado por David.

TRAUMA:
A morte de David é um choque não só pros seus amigos, mas pro público porque até então a história focava nele. O que torna Para Sempre na Memória um filme diferente de tantos outros é que a princípio não havia motivos para David se suicidar.
Ele não sofria de envelhecimento rápido, bulimia, autismo, deficiencia física, não era gay, nem foi estuprado;
Não estava se transformando em cobra, lobisomen, mosca, ou vampiro;
Não estava preso no Vietnã, na Ilha do Diabo, num sótão, numa casa mau-assombrada, numa ambulância assassina, num corpo robótico, numa nave espacial, ou numa bolha de plástico;
Não estava perdido em outra época, em outro planeta, ou em outro planeta sem saber que na verdade era outra época;
Sua cidade não foi atacada por coelhos gigantes, búfalos gigantes, um cérebro gigante, marcianos, um iogurte assassino, ou um simples psicopata;
Ele não tinha perdido o grande amor da sua vida, os pais da sua namorada não proibiam o namoro, sua namorada não era um gárgula, seu pai não era um Sith e nem ele passava por louco aos olhos de ninguém e, que eu saiba, o personagem não assistia à programação do SBT... mas ele estava de fato sofrendo muito por dentro.
Mas é curioso como todos os personagens dos filmes anteriores pelo menos lutavam pela vida (com exceção de Romeu e Julieta no fim), enquanto David, que parecia não ter nenhum problema, se jogou nos braços da morte.
Após ele ter pulado da ponte, a história passa a se voltar para o sofrimento dos que viviam ao seu redor, mais especificamente Chris (na melhor interpretação que Keanu Reeves já fez na vida), e logo começa a crescer uma angústia tão grande quando é nítido que se continuasse daquele jeito Chris também se mataria, que eu não pude mais continuar assistindo na época.
Hoje eu sei que, aparentemente, o plano era esse mesmo, mas os produtores decidiram mudar e tornar o final algo mais positivo, contra a vontade do próprio Keanu Reeves. Mesmo assim, talvez eu tenha que dizer que pode ter ficado melhor assim. Para Sempre na Memória foi o filme que mais me traumatizou quando criança por, através do retrato da alma de dois adolescentes, ter sido um dos meus primeiros contatos com o mundo adulto.
Talvez o meu maior medo quando criança fosse justamente deixar de ser criança, e acredito que no fundo esse era o medo do David no filme também. Ao passar a história pro ângulo do Chris nos força uma certa maturidade, já que passa a ser a história de alguém preocupado com o seu próximo mais do que consigo mesmo, e não há maior responsabilidade do que essa.

Acho que foi importante terminar a história do Chris mostrando que há esperança no final e que, mesmo com a morte pelo caminho, temos que seguir em frente com a vida. Num dos momentos mais tocantes do longa-metragem, quando vão apresentar a peça da escola, a namorada do David interrompe o programa normal e começa a cantar a música que ele tinha começado a fazer e que Chris tinha terminado arrancando aplausos emocionados das pessoas presentes, principalmente Chris.
Infelizmente, David não viveu para ver essa demonstração do quanto seus amigos o amavam, mas eles, como todos nós, sempre terão as lembranças...