Cinemagia: El Chanfle, Melhor que ir ver o filme do Pelé!

Chanfle (Roberto Gómez Bolaños) é um humilde assistente quebra-galho de uma equipe de futebol do México, treinada pelo exigente e rabugento Reyes (Ramón Valdés) e cuja grande estrela é Valentino (Carlos Villagrán), um jogador metido a galã que faz várias conquistas, mas não dá a menor bola para a secretária do clube (Maria Antonieta de las Nieves), que é perdidamente apaixonada por ele.
Durante as partidas, o treinador ordena que Chanfle diminua o ritmo do jogo, a famosa catimba, mas este por ser honesto se recusa, e isso quase acaba custando o seu emprego no time, além de inúmeras discussões com o árbitro.
Justamente nesse meio tempo Chanfle planejava pedir um aumento ao presidente do Clube, o Sr. Matute (Rubén Aguirre), pois mesmo sendo feliz e um homem apaixonado pelo seu trabalho e sua esposa, Tere (Florinda Meza), os dois viviam o drama de não conseguirem ter um filho. O Sr. Matute resolve intervir no problema pedindo ajuda ao Dr. Najera (Édgar Vivar), médico do time e grande amigo de Chanfle.
Enquanto isso, nosso herói se mete em uma tremenda enrascada com um senhor muito bravo (Raúl Padilla), que pensou que Chanfle o estivesse assaltando quando este queria apenas vender-lhe o revólver do sogro para conseguir dinheiro pro tratamento da mulher. O homem passa então a perseguir obstinadamente Chanfle sempre que o encontra em busca de vingança, sem saber que sua mulher (Angelines Fernández) é muito amiga da mulher de Chanfle, e nutre grande admiração pela honestidade do marido desta.

Esse é o famoso "filme do Pelé" (adaptação da dublagem brasileira), que a Turma do Chaves assiste no clássico episódio em que todos vão ao cinema.
Foi o primeiro longa da trupe de comediantes mexicanos e a única produção onde o elenco considerado clássico trabalhou todo junto, já que Raúl Padilla só entrou nas séries Chaves e Chapolin após a saída de Carlos Villagrán.
O filme é legal, mas não é nem de longe o mesmo humor dos seriados. Digo, tem alguns momentos bem pastelão (especialmente nas cenas de perseguição entre Padilla e Bolaños e em todas as vezes que este último destrói a sala de Aguirre), mas a proposta é completamente diferente.
El Chanfle é a história das desventuras de um casal que sonha ter um filho. O clube de futebol é só pano de fundo pra esse tema.

Talvez por isso só Chespirito e (sua então futura esposa na vida real) Florinda apareçam bastante, pois são descaradamente os protagonistas.
Don Ramon é engraçado em todas as vezes que aparece, além de no fim seu personagem se revelar mais bondoso do que sugerido por sua personalidade ao longo do filme. É ele o treinador "com cara de chimpanzé" que as crianças contam que viram no episódio do cinema. Édgar Vivar e Rubén Aguirre tem personagens muito mais sérios do que na série de tv, apesar das inevitáveis piadas sobre o peso do primeiro.
Raul Padilla (talvez justamente por não ser do elenco original na época) ganhou o papel mais divertido. Aliás, eu achei ele mais engraçado nesse filme do que em qualquer performance na televisão. Sua engraçadíssima trama paralela é a melhor coisa de El Chanfle, o que faz com que Angelines Fernández também surja em muitas cenas por tabela.
Carlos Villagrán parecia que ia ter grande importância no longa, mas acaba fazendo uma mera participação. Agora, nem isso se pode dizer do personagem de Maria Antonieta, já que ela se resume em ficar suspirando pelo Villagrán o filme inteiro.
Talvez isso fosse reflexo das brigas internas do elenco, especialmente entre Chespirito, Maria Antonieta e Carlos, que saiu pra nunca mais voltar pouco depois de fazerem o filme.

Atenção para a aparição relâmpago do Dr. Chapatin (outro personagem famoso de Bolaños), as piadas com o árbitro, e ao raríssimo encontro entre Raul e Carlos, na hora em que o primeiro está perseguindo Chanfle na entrada do campo e cai em cima da maca do segundo.
Até onde eu sei foi a primeira e última vez que os dois atores gravaram uma cena juntos, ao menos trabalhando nesse grupo de humoristas. No mais, El Chanfle é a típica comédia ingênua sobre um herói atrapalhado de bom coração, um tipo de história que não se faz mais.
Infelizmente esse filme nunca passou no Brasil, assim como sua continuação El Chanfle 2.
O único longa-metragem desse grupo de comediantes que saiu aqui em vídeo foi Charrito - Um Herói Mexicano, com direito à dublagem clássica do SBT.

E pra quem não entendeu o que foi escrito acima:

Roberto Goméz Bolaños = Chaves e Chapolin.
Ramón Valdés = Seu Madruga.
Florinda Meza = Dona Florinda.
Carlos Villágran = Quico.
María Antonieta de las Nievas = Chiquinha.
Édgar Vivar = Senhor Barriga.
Rubén Aguirre = Professor Jirafales.
Angelines Fernandéz = Dona Clotilde, a Bruxa do 71.
Raúl Padilla = Jaiminho, o Carteiro.